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Beatificação

No final do século XIX, tempo de grandes migrações da Europa para as Américas, o Bispo de Piacenza, Dom João Batista Scalabrini, preocupado com a migração, fundou duas Congregações para acompanhar os Migrantes: a dos Padres Scalabrinianos, em 1887, e a das Irmãs Missionárias Scalabrinianas em 1895.

As quatro primeiras Irmãs, após a profissão dos votos nas mãos do fundador, Dom João Batista Scalabrini, partiram para o Brasil. Entre elas estava Madre Assunta Marchetti, a quem se deve a preservação e florescimento do carisma inicial da Congregação das Irmãs Missionárias de S. Carlos Borromeo-Scalabrinianas. Este é o motivo pelo qual a consideramos Cofundadora do Instituto, juntamente com seu irmão padre José Marchetti.

A Congregação das Irmãs Missionárias Scalabrinianas se encontra hoje presente em 27 países, continuando ser um sinal do amor de Deus entre os irmãos e irmãs migrantes.

Comunicado oficial sobre a beatificação:

Mensagem do Papa Francisco no dia 26 de outubro de 2014, durante o Ângelus. 

“ontem, em São Paulo, o Brasil foi proclamada Beata Madre Assunta Marchetti, nascida na Itália, cofundadora das Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas.
Foi uma religiosa exemplar no serviço aos órfãos filhos dos migrantes italianos e via Jesus presente nos pobres, nos órfãos, nos enfermos, nos migrantes e nos necessitados. Demos graças ao Deus por esta mulher, modelo de missionariedade incansável, e dedicação ao serviço da caridade.” 

A ABERTURA DA URNA COM
AS RELÍQUIAS DA VENERÁVEL MADRE ASSUNTA

O ato de veneração das relíquias é uma prova da esperança na ressurreição da carne, pois Jesus Cristo ressuscitou! O que resta do corpo de uma pessoa que viveu radicalmente o evangelho é uma “espécie de semente” de um corpo glorioso e eterno, corpo que foi templo do Deus vivo! Como os cristãos que desde o início da Igreja se aproximavam dos restos mortais dos mártires invocando sua intercessão, as pessoas congregadas diante das relíquias de Madre Assunta deixavam transparecer devoção, comoção e unidade na prece. Para todos, aqueles ossos “são mais preciosos que as pérolas e mais valiosos que o ouro”, como diziam os contemporâneos de São Policarpo, pois quem está em Cristo é nova criatura.

A assembleia reunida na Casa madre Assunta Marchetti para a abertura da Urna que continha os restos mortais de madre Assunta, na manhã do domingo, dia 25/05 contava com a presença de Padre Eduardo Vieira, Chanceler da Arquidiocese de São Paulo, delegado do Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer para presidir a cerimônia bem como de outros sacerdotes, de um diácono, de alguns leigos e de um grupo considerável de irmãs mscs das comunidades da grande São Paulo. O foto aconteceu durante uma Celebração da Palavra preparada especialmente para este evento devocional impregnado de fé. A Celebração foi enviada, também, ao governo geral e a todas as superioras províncias para que pudessem sintonizar-se com o grupo privilegiado que se encontrava na Casa Madre Assunta neste sexto domingo de Páscoa.

As pessoas ali reunidas eram como aquelas pessoas de fé simples que, diante de uma relíquia sentem-se impelidas a tocá-la ou a encostar nela roupas de doentes ou outros objetos. No decorrer da celebração da Palavra, após a leitura de At 19,8-12 e do evangelho de Lc 6,17-19 seguida da homilia do Padre Eduardo Vieira que convocou a todas/os a seguir o exemplo de doação incondicional de madre Assunta, a postuladora, Irmã Leocádia Mezzomo, convidou a manifestar a confiança naquelas relíquias, parcelas de um corpo que viveu o amor heroico aos mais pequenos, crendo que nelas se manifesta o poder divino.

A superiora Provincial, Irmã Sandra Maria Pinheiro, em nome da Congregação, tocou nos restos mortais o tecido de linho que será usado para confeccionar relíquias e em seguida as irmãs e os demais presentes fizeram o mesmo com uns lencinhos brancos preparados para isto. Enquanto se desenrolava devotamente este ritual toda a assembleia cantava entusiasta o hino: Madre Assunta tão sábia mulher, tu soubeste a Deus entender…

Concluída a celebração com a benção do presidente padre Eduardo Vieira, os restos mortais da Venerável cofundadora foram levados em procissão a um lugar reservado, previamente preparado, na parte reservada às irmãs da comunidade da Casa madre Assunta Marchetti, onde permanecerão até receberem um adequando tratamento, para que uma pequena porção deles possa ser usada na confecção de relíquias e o restante será devidamente guardado na Urna que voltará, a seu tempo, na capela da Casa madre Assunta.Na ocasião foram feitas duas atas que, assinadas serão guardadas nos devidos arquivos.

São Paulo, 25 de maio de 2014.

Irmã Leocádia Mezzomo, Postuladora

SANTIDADE É ABERTURA PARA DEUS E PARA O PRÓXIMO

… “tornai-vos santos também vós, em todo vosso proceder” (1 Pd 1,15).

Esta recomendação da primeira carta de Pedro aos cristãos do norte da Ásia Menor (Turquia) é válida para os cristãos de todos os tempos, portanto também para nós hoje. O convite é para “tornar-se santo”. Com isso, Pedro está dizendo que a santidade é construída pela vivência cotidiana e pelo esforço consciente que o cristão faz de assemelhar-se cada dia mais a Jesus Cristo pelo seu jeito de ser, viver e de agir. E o papa Bento XVI nos recorda que a “santidade é tarefa de todo ser humano”.

Como Madre Assunta alcançou a santidade?

Foi pelo modo como orientou e conduziu a sua vida, descobrindo através dos acontecimentos de cada dia o que Deus esperava dela como resposta e, com toda tranqüilidade de como, até nas mínimas coisas e em qualquer trabalho, podia servir as pessoas que estavam ao seu redor. Procurava conhecer sempre mais a pessoa de Jesus, como Ele se relacionava com os outros, conforme mostra o Evangelho, para agir da mesma forma que Jesus. Assim, percebemos que ela reproduzia na própria vida os sentimentos de compaixão e misericórdia, expresso no carinho que tinha com as crianças órfãs e abandonadas do mundo da migração, na dedicação e cuidado para com as pessoas doentes, na atenção que dava às Irmãs de Comunidade e da Congregação, na ajuda aos pobres, etc.

Outro segredo de sua vida é que ela apresentava para Deus, na oração, todas estas necessidades e, no silêncio do seu coração, intuía a forma de responder a cada uma, conforme Deus lhe manifestava. Por isso, vemos hoje, que ela sabia compreender as verdadeiras necessidades das pessoas e oferecer o serviço mais adequado em cada circunstância.

Procurando reproduzir em sua vida os mesmos sentimentos de Jesus, esvaziava-se de toda ambição, busca de prestígio, de reconhecimento, de dominação, para, como Maria, fazer-se “serva”, na gratuidade e no dom de si, na certeza de que Deus completava aquilo que suas forças não alcançavam realizar.

Esta abertura total de mente e coração ao Mistério Amoroso de Deus lhe permitia ser consciente de sua pequenez, de sua fragilidade, mas acolhendo o Amor Criador e Salvador de Deus, era capaz de abrir-se sempre mais aos irmãos e irmãs, no amor, no serviço e no dom de si. Desta forma realizava plenamente sua entrega e consagração na Vida Religiosa, estreitando sempre mais os laços que a unia a Jesus, seu Amado Esposo, por quem consumiu como Ele, toda a sua vida na doação e serviço ao próximo mais necessitado do Amor Misericordioso do Senhor.

Assim, a santidade é evidenciada no dia-a-dia, em cada pequeno gesto de amor, de bondade, de compaixão, de abertura e de acolhida do outro.

Embora seja “vocação de todo ser humano” só se aprende ser santo usando o tempo, as energias e a experiência para crescer até a “maturidade de Cristo”, o santo por excelência que quer transformar-nos também em santos/as “filhas amadas do Pai”.

Que a experiência de Madre Assunta nos estimule a não desanimar diante das circunstâncias que a vida nos impõe, ou a desistir desta única tarefa importante que devemos realizar durante toda a nossa peregrinação terrena.

Comecemos hoje mesmo, dando uma orientação nova à nossa vida, para podermos um dia chegar, como e com Madre Assunta, a desfrutar de uma vida plena em Deus, meta última de nossa peregrinação terrena.

Ir. Sônia Delforno, mscs
Centro de Espiritualidade Scalabriniana

Madre Assunta: um caminhoso luminoso em direção a Cristo  

Confira, abaixo, algumas fotos históricas do processo diocesano de beatificação de Madre Assunta Marchetti, aberto pelo então Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, na Arquidiocese de São Paulo. O processo foi iniciado no dia 12 de junho de 1987 e encerrado em outubro de 1991.
 

Opereta Madre Assunta Marchetti

Opereta realizada por ocasião da Beatificação, no ginásio de esportes do colégio João XXIII, na Vila Prudente – SP. Através da música, um grupo de atores contou a vida e missão de madre Assunta, desde o seu nascimento até a sua beatificação.
Teatro e música se uniram para homenagear a mãe dos órfãos e o testemunho de caridade em meio aos migrantes

FOTOS DA BEATIFICAÇÃO